Burning Man 2012 começa hoje

Hoje em dia, muitos eventos tentam se vender como símbolos da contracultura, defensores da natureza, novos Woodstocks, mas com certeza nenhum consegue cumprir estes objetivos como o Burning Man o faz. Realizado anualmente no deserto da Nevada, nos Estados Unidos, o evento (que não gosta de ser chamado de “festival”) é um verdadeiro oásis dentro do mundo capitalista: por uma semana, cerca de 50 mil pessoas vivem sem leis, sem dinheiro e sem preconceitos.

Apesar da descrição assustar, não trata-se de uma completa anarquia. O espírito de liberade e respeito dos visitantes é quem garante a segurança e a harmonia da cidade temporária que é montada, a chamada Black Rock City. Muitos DJs se apresentam lá (inclusive neste ano os brasileiros do Felguk irão nos representar), mas o line-up é o de menos – tanto que você não irá encontrá-lo no site oficial ou em parte alguma. Para o Burning Man, todos são artistas, e qualquer parte do evento é palco para uma expressão artística.

Quando eu disse no primeiro parágrafo “sem leis, sem dinheiro e sem preconceitos”, eu realmente quis dizer isso! Sem dinheiro, pois lá é proibido a utilização de qualquer tipo de dinheiro (salvo em alguns casos especificos, listados pela organização) – cada um deve levar suas comidas, bebidas e o que mais for precisar, e caso queira algo extra no local, terá que usar a forma mais primitiva de negociação: a troca. Eles chamam de “gifting”, pois na verdade você deve dar presentes às pessoas sem esperar nada em troca, mas você provavelmente será recompensado se o seu presente for bom.

Sem leis, pois é muito comum ver pessoas andando fantasiadas ou até mesmo peladas por lá. Drogas também são facilmente encontradas, e o interessante (e quem foi a outros festivais já sabe como é) é que os “drogados” mal são percebidos, dada à consciência com que utilizam seus aditivos.

Sem preconceitos, pois o respeito existe de verdade: ninguém é discriminado por sua cor, opção sexual, gosto musical, roupas (ou ausência delas), nacionalidade, credo. A Black Rock City é uma cidade de 50 mil pessoas iguais, que buscam a liberdade e a expressão pessoal – e essa é a experiência mais marcante relatada por quem já foi ao evento.

O evento foi idealizado em 1986, por Larry Harvey e Jerry James, que queimaram um boneco gigante em uma praça de San Francisco, para um público de 20 pessoas. Com o passar dos anos, mais pessoais se interessaram pelo ritual, e em 1990 a polícia o proibiu. Daí a mudança para o meio do deserto – que acabou se tornando uma das principais características do Burning Man. Hoje em dia a queima do boneco é o ritual de encerramento do evento, e ele mede 15 metros de altura.

O Burning Man possui diversas outras peculiaridades, como a política de não deixar rastros (em respeito à natureza) e o auto-conhecimento radical. Para um aprofundamento no assunto, sugiro ler o artigo sobre ele na Wikipedia americana, o relato de Marion Strecker, que esteve lá em 2011 e fez um ótimo review para o UOL, e este documentário (em inglês), com 6 minutos de imagens do evento:

Quem sabe, seja um investimento para 2013 mais interessante que o Tomorrowland 😉

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