A COVID-19 é uma pandemia global sem precedentes. Independente de qual seja sua taxa de mortalidade, ela está impactando severamente a população mundial, exigindo uma mudança drástica e imediata de comportamento. Já houveram outras epidemias que mexeram com a humanidade, mas essa é a primeira na era globalizada, com fluxo intenso de pessoas entre os países principalmente por via aérea.
Na China, local de origem da doença, as autoridades tentaram, inicialmente, camuflar a situação, porém não demorou para as coisas tomarem proporções que tornaram impossível esconder do mundo o que estava acontecendo. A partir deste momento províncias inteiras foram isoladas e medidas radicais foram tomadas. Três meses após o início do surto, finalmente, o país asiático está conseguindo contê-lo, chegando a não registrar mais contágio local.
Bing COVID Tracker, um mapa que mostra dados instantâneos sobre os casos de coronavírus no mundo. Clique na imagem para acessar.
Por lá as coisas foram controladas, mas já custou mais de 3000 vidas humanas e o vírus se alastrou pelo mundo. A Europa passa hoje pelo cenário mais crítico da epidemia até o momento, com a Itália e a Espanha superando a China, tornando-se hoje os lugares onde mais mortes são registradas por conta da COVID-19, consequência da negação inicial da gravidade, somada à incapacidade dos sistemas de saúde em atender a tantas pessoas que ficaram doentes de uma hora pra outra, com uma condição sobre a qual pouco ainda se sabe. Os EUA e o Irã também vivem situação alarmante hoje, com suas estatísticas subindo cada vez mais.
Tentando aprender com os erros dos desafortunados países que tiveram contato primeiro com o novo coronavírus, todos os outros começaram a executar seus planos no sentido de conter o avanço da doença. Quarentena e distanciamento social se tornaram palavras de lei, fábricas paralisaram suas atividades, escritórios passaram a funcionar remotamente e somente serviços essenciais estão operando. Satélites registraram recordes positivos de despoluição e muita gente viu peixes e cisnes na água agora cristalina nos canais de Veneza. Para não morrer, todo mundo foi obrigado a reduzir seu ritmo e repensar suas atitudes.
(Reprodução The Guardian/Casa.com.br)
Em meio a isso tudo, a economia enfrenta dias caóticos e de incerteza. Bolsas de valores do mundo todo registrando quedas vertiginosas, enquanto alguns setores da economia viram suas atividades serem reduzidas a zero nesse período de isolamento. Empresas ligadas a turismo e eventos, por exemplo, não estão podendo operar, especialmente porque seria uma irresponsabilidade enorme com os clientes e com os colaboradores executar qualquer tipo de atividade neste momento. Com isso existe toda uma cadeia de profissionais que estão sem saber como continuar pagando as contas enquanto estiverem impossibilitado de obter qualquer tipo de receita, como artistas, empresários da noite, produtores de eventos, locadores de equipamentos, agências de bookings.
Com criatividade e liderança é possível extrair coisas positivas da situação, como utilizar o momento para planejamento e criação, bem como se posicionar de maneira inteligente e obter engajamento do público nas redes sociais. Tais medidas podem inclusive resultar em números ainda melhores no período pós-quarentena, mas no curto prazo dificilmente irá gerar receita suficiente para que as empresas e profissionais do ramo consigam arcar com todos seus custos fixos. E agora, o que fazer?
Cada país deverá tomar suas medidas para salvar cada setor específico da economia. Na França o governo suspendeu a cobrança de luz, água e gás, enquanto na Alemanha o ministério da cultura já prometeu ajuda financeira a artistas.Aqui no Brasil, algumas medidas que ajudarão a economia como um todo estão sendo tomadas, como a aprovação do Projeto de Lei na Câmara que prevê uma renda mínima de R$ 600 aos trabalhadores informais, podendo chegar a R$ 1.200, no caso de mães solteiras (agora, o texto vai pra aprovação do Senado e, se passar, seguirá para sanção do presidente) e os 100 bilhões que o Banco do Brasil disponibilizou para empréstimo, destinado a empresas e pessoas físicas. A redução da taxa selic e afrouxamento de algumas exigências fez com que os bancos privados tivessem mais capacidade de crédito, que está sendo repassada aos clientes. Para alguns tipos de dívidas está sendo concedido o direito de suspender por até 60 dias o pagamento.
Um homem lê o cartaz que informa a interrupção da programação do Berlin State Opera, por conta do coronavírus. Clique na imagem para acessar a matéria. (Foto: ANNEGRET HILSE / REUTERS)
Tudo isso vai dar fôlego por um tempo, mas temos que torcer para as coisas melhorarem rápido. Além das medidas de socorro terem prazo de validade, quanto mais tempo durar a quarentena, mais eventos serão cancelados com esperança de serem adiados para as primeiras semanas de retorno à normalidade, podendo levar a um overbooking no segundo semestre. Mesmo que o isolamento não passe de poucas semanas o ano inteiro já está comprometido, terá de haver comunicação, compreensão e cooperação por parte de todos os profissionais, para reduzir ao máximo os prejuízos que o mercado irá levar até o fim do ano.
Para alguns uma quarentena curta pode parecer um sonho distante, mas nos últimos dias a ciência apresentou uma novidade que nos permite ter esperança. Um estudo preliminar, com apenas 36 pessoas, obteve ótimos resultados no uso de hidroxicloroquina para a contenção da COVID-19 dentro do corpo do paciente infectado. Trata-se de um medicamento já existente no mercado, indicado para quem tem condições como malária, lúpus e artrite reumatoide. Esse anúncio gerou euforia e irresponsavelmente muitas pessoas ao redor do mundo já estão tentando estocá-lo, embora ainda não se saiba qual a forma certa de se executar o tratamento. Uma pessoa já morreu por usar a substância sem orientação médica. Novos estudos já estão sendo realizados e talvez tragam boas notícias dentro de poucos dias.
Enquanto não temos certeza do futuro, nos resta cumprir o nosso papel e salvar o mundo diretamente do conforto do nosso lar. Seguir as recomendações de distanciamento social e higiene pessoal, além de aproveitar o momento para fazer um balanço geral da vida, aprender coisas novas, multiplicar informações e sentimentos verdadeiros, e, por que não, colocar o corpo e a mente pra descansar um pouco, afinal, o ritmo do dia-a-dia é intenso e raramente temos oportunidade de desconectar totalmente por um tempo muito prolongado. É hora de nos prepararmos para fazer coisas ainda melhores quando a pandemia passar!
Pra tentar facilitar todo esse processo, grandes labels e grandes artistas têm se movimentado, realizando live streams direto de suas residências, como é o caso do Boiler Room, da Defected, Drumcode (que em parceria com o Beatport está fazendo o #DrumcodeIndoors) e da Big Fish, núcleo de techno de Curitiba que está completando 20 anos e organizou um evento online com apresentação de 3 djs residentes e 1 convidado.
Seguindo na mesma linha, o produtor Kyle Geiger liberou para download gratuito uma pasta com alguns de seus samples e projetos do Ableton Live, e contou com o apoio de Truncate, Chris Liebing, Arjun Vagale, Alexander Kowalski e Deepchild, que adicionaram as suas contribuições. A expectativa é de que mais produtores também contribuam.
O Bandcamp, um dos principais portais de venda de música, abriu mão de sua porcentagem nas transações durante 1 dia, para chamar ainda mais a atenção para os impactos do COVID-19 na vida de músicos ao redor do mundo, repassando 100% do valor da venda para os artistas pois, como declarou o CEO da empresa em nota, um dia bom de vendas pode ser a diferença entre um artista pagar ou não seu aluguel. Como resultado, o site registrou aproximadamente 800.000 itens vendidos na data, superando em mais de 15x a média de 47.000 itens vendidos por dia, atingindo o valor de 4.3 milhões de dólares em música e mercadorias.
Pra contribuir com esse movimento e tentar deixar o momento mais leve, nós da detroitbr preparamos uma programação com dicas de afazeres e passatempos relacionados à música, que serão divulgados aqui e nas nossas redes sociais. Fique de olho e faça sua parte!