Autor: Mohamad Hajar

  • Chemical Brothers assina trilha sonora de novo filme

    Nos últimos tempos temos visto uma invasão da música eletrônica na trilha sonora de grandes filmes hollywoodianos. Aos poucos, o pop FM e a música clássica estão dando lugar a grandes artistas do nosso meio, sendo um dos casos mais notáveis o blockbuster A Rede Social, que inclusive rendeu um Oscar a Trent Reznor e Atticus Ross pela sua trilha 100% eletrônica (e excelente).

    Além de Reznor, que nasceu no metal industrial e transita entre lá e cá em seus projetos, outro grande nome oriundo dos anos 90 está começando a ganhar destaque nas telonas: trata-se de Chemical Brothers. Sua incursão nos filmes iniciou ano passado, com a trilha para Hanna, prosseguiu nesse ano com o lançamento do excelente documentário-show Don’t Think e deve culminar agora com esta trilha, para um filme que deve ser realmente grande: Now You See Me.

    Trata-se de um suspense, dirigido por Louis Leterrier (Fúria de Titãs e Incrível Hulk de 2008) e estrelado por Jesse Eisenberg (vulgo Mark Zuckerberg), Morgan Freeman (Nelson Mandela, Lucious Fox, Deus), Michael Caine (Alfred, de Batman), entre muitos outros. A história é de dois ilusionistas, que usam seus truques de mágica para assaltar bancos e jogar o dinheiro para a platéia após os roubos. O FBI descobre o esquema e vai atrás deles.

    De fato, ninguém melhor que Tom Rowlands e Ed Simons para musicar um enredo desses – misterioso e acelerado. Agora nos resta esperar a estréia, marcada para 2013.

  • Entenda por que hoje (9 de março) é o Dia Mundial do DJ

    Alguns anos atrás, sempre que era estabelecido o Dia-de-Alguma-Coisa, era por uma causa nobre. À exceção dos dias de fortalecimento do mercado capitalista (dia dos pais e dia das mães), as primeiras datas festivas foram criadas para homenagear uma pessoa importante da história, defender uma minoria ou fazer o bem para a sociedade. Hoje em dia isso foi banalizado – todo dia é o dia de alguma coisa diferente e absolutamente nada de relevante é feito. OK, as pessoas relacionadas ao tal dia recebem parabéns no Facebook, as marcas fazem imagenzinhas bonitinhas para puxar saco da classe em questão mas… e daí?

    E nesse bolo de dia disso, dia daquilo, hoje é comemorado o Dia Mundial do DJ. A princípio, nos parece apenas mais um Dia de Profissão qualquer, no qual nossas timelines são inundadas por parabenizações por nada, porém, esta impressão existe porque no Brasil a data foi reduzida a isso. Mundialmente, desde 2002, quando a UNESCO estabeleceu que 9 de março seria o dia dos dJs, a semana deste dia é totalmente voltada à caridade.

    Criado pela World DJ Fund e pela Nordoff Robbins Music Therapy (instituição que faz tratamento de pessoas doentes usando a música), o propósito é fazer com que DJs doem parte dos seus cachês arrecadados neste dia (ou semana) para instituições de caridade. Uma atitude bonita e nobre, afinal, enquanto estamos nos clubs e festas trancendendo ao som da boa música, gastando com drogas e bebidas o que falta para a comida de muitos e fortalecendo o nosso status quo perante a socieade, dificilmente nos lembramos dessas pessoas que mal sabem o que é música eletrônica, quem dirá a importância de um DJ.

    É uma pena que no nosso país o Dia Mundial do DJ não tenha esse significado, seja apenas mais um dia para puxarmos saco de uma profissão a troco de nada. Por isso, pedimos o mínimo aos nossos homenageados: pensem nas pessoas que não poderão ouvir sua música hoje porque mal conseguem se manter vivos; ajudem um necessitado no caminho para sua gig; se possível (e sabemos como está difícil nos dias de hoje), doem parte do cachê do fim-de-semana. Pode ser pouco perto do que acontece na Europa, mas já é um começo, um tijolo na construção.

    E à cena, um recado: nós temos a obrigação de nos unirmos para em 2013 darmos um real significado a esse dia 9 de março. Se estamos tomando dos países europeus o título de país da música eletrônica, vamos fazer bonito como eles fazem.

    Ah, a propósito, parabéns DJs, pelo seu dia! Obrigado por tornar a vida mais alegre, leve e musical 😉

  • Danghai Club "inicia o ano" com agenda cheia

    No país todo existe a lenda de que o ano só inicia após o carnaval, mas especificamente para a cena eletrônica curitibana essa brincadeira tem um fundo de verdade. Devido à soma de verão, férias e programação pesada nos clubs do litoral do PR e SC, a cena da capital fica desfalcada nos meses de janeiro e fevereiro. Diante disso, o mês de março geralmente é um mês de grandes festas para a cidade, graças à volta da normalidade.

     

    Prova disso é a programação do Danghai Club para os próximos dias: a lista de nomes que estão fechados garantiriam uma open air invejável se colocados todos num mesmo dia – especialmente pela diversidade. Desde o progressivo psicodélico de Ticon e Ritmo até o house de Fabrício Peçanha e o deep house de Truati e Pimp Chic, praticamente todos os gostos dos frequentadores da casa serão atendidos nos próximos dias. Confiram abaixo quem vem por aí, e programem-se para não perder nada!

  • Porra DJ comemora 2 anos com festa no Lab Club

    O polêmico blog Porra DJ chacoalhou a cena quando surgiu, há dois anos. Denunciando tudo que há de falcatrua, bizarro ou engraçado (ou tudo junto) no mundo da música eletrônica, ele conquistou uma legião de leitores e fãs, que vão desde o frequentador comum das festas, até gente grande da cena, como o RMC, que o premiou como um dos 5 veículos especializados mais relevantes de 2011. Diante dessa história de sucesso, nada mais justo que haver uma festa de aniversário à altura: no próximo dia 10 de março, o Lab Club abre as portas para essa comemoração, com um line-up de peso contando com o coletivo #partyhard e os dinossauros da música eletrônica nacional Zegon (ex-Planet Hemp), Nedu Lopes (bi-campeão brasileiro do Red Bull Thre3 Style), Alex Hunt, Database e Midnight Martyn.

    Um ponto interessante do evento é que será a estréia da festa Epic Battles. Consiste em batalhas épicas entre conceituados DJs, que prometem transformar a cabine do Lab em um espetáculo para os ouvidos e olhos dos amantes da e-music. Atração vs Atração em modo “batalha” tocam ao mesmo tempo, back2back, com direito a 4 decks, 2 mixers, samplers e mais, resgatando a essência do que significa um DJ na cabine.

    DJs da velha guarda e nova escola de São Paulo foram convocados para uma batalha frenética, com direito à inúmeras técnicas e tecnologias diferentes, e irão mostrar o por quê um DJ não deve ser apenas um seletor de músicas, um rosto famoso dando tchauzinho para as câmeras ou alguém que está ali fazendo a “sonorização” e “animação” do evento. PORRA!®

     

    LINE UP

    Basement

    23h Warm Up
    00h30 Database vs Midnight Martyn feat. ATRAÇÃO SURPRESA
    01h30 Elijah vs Jesus (@porradj)
    02h30 ALEX HUNT vs ZEGON vs NEDU LOPES
    04h30 The Twins vs 13duo
    05h30 Afterhours

    Lobby

    Black Jack Party com ELI IWASA, RUSSELL & KIRKOVICS, BRUNO FERRARI e SONECA.

    PREÇOS

    Com Lista

    Feminino: Até 1am – Mulher VIP.
    Masculino: R$60 de Consumação ou R$25 Entrada.

    NOME COMPLETO PARA: http://porra.dj/lista até às 20h do dia 10/03, limitada a 500 nomes.

    Sem lista / Na porta

    Feminino: R$15 Entrada ou R$30 Consumação
    Masculino: R$35 Entrada ou R$75 Consumação

    LOCAL


    Lab Club
    Rua Augusta, 523 – São Paulo, SP 

    Para saber mais, consulte o evento no Facebook, a fanpage do #partyhard ou então o próprio Porra DJ. E não percam essa noite épica para a e-music brasileira!:

     

  • Richie Hawtin fala sobre o boom da música eletrônica nos EUA

    Na última semana a Mixmag internacional publicou um artigo escrito por Richie Hawtin que arrisco dizer que é um dos mais importantes e esclarecedores dos últimos tempos. Nele, o inglês naturalizado canadense deixa seus preconceitos de lado e faz uma análise minuciosa sobre os efeitos da grande popularização que a música eletrônica está sofrendo nos EUA, principalmente depois de Skrillex virar símbolo da nova geração teen americana e alvo da raiva de muita gente da cena. As conclusões dele resumem perfeitamente a nossa opinião sobre o assunto, e o seu otimismo ao final do artigo são bem semelhantes ao nosso quando falamos do assunto, mesmo não apreciando o electro-dubstep do ex-emo californiano. Confiram abaixo a tradução que nós fizemos, na íntegra:


    Richie Hawtin

    Eu sou uma pessoa muito otimista, mas por algum motivo eu passei o ano passado um tanto preocupado com a explosão em popularidade da música eletrônica nos Estados Unidos. Talvez porque nosso som não foi o centro dessa nova onda de interesse, talvez porque a maioria dos artistas na crista dessa onda americana possuem metade da minha idade e são influenciados por rock e Rn’B em vez de Kraftwerk, ou talvez seja apenas eu sendo super-protetor do gênero musical que passei os últimos 25 anos apoiando. Mas graças ao tempo que despendi nesse artigo e à série de conversas que tive com amigos e colegas, estou me sentindo mais otimista sobre isso agora.

    Então, onde devo começar? Bem, vamos pegar o Skrillex agora. Você goste ou não, Skrillex, também conhecido como Sonny Moore, é o cara do momento, e está protagonizando a primeira experiência de muita gente com música eletrônica. Sonny é uma “usina de energia humana com laptop” que leva tanta energia aos seus shows quanto uma banda de hard rock levava nos seus dias de glória: melodias rápidas, linhas de grave que te fazem vibrar por dentro, e pára, e começa, e gagueja tanto que me fazem tropeçar nos meus próprios pés quando tento dançar (daí a tendência atual da música eletrônica bate-cabeça e crowd-surfing).

    Como alguém que cresceu dançando música de olhos fechados em longas e obscuras festas em warehouses, eu ainda não sei o que pensar sobre tudo isso, mas é fato que tem uma energia extrema e um engajamento inegável.

    Dois anos atrás eu nunca tinha ouvido falar sobre Skrillex, então a primeira coisa que perguntei a ele foi há quanto tempo ele estava no porão praticando…


    Skrillex

    Eu estou tocando desde os 16 anos“, disse Sonny, “então são 8 anos. Pouca gente sabe disso. As pessoas acham que eu simplesmente tropecei em alguma bandwagon, mas eu dormi no chão e não fiz dinheiro algum por anos. Eu nunca imaginei que chegaria aqui. Ninguém se importava com o que o Skrillex estava fazendo. Dubstep não era popular quando eu comecei a fazer isso; ele ainda era muito underground.”

    Essa pode não ser a música eletrônica que eu toco, mas isso significa que não seja relevante ou, no mínimo, uma grande porta para o mundo cada vez maior da música eletrônica para os que ainda não o adentraram? Eu perguntei ao pioneiro do techno Derrick May o que ele achava dessa crescente popularidade da música eletrônica nos Estados Unidos, e ele resumiu bem: “Eu consigo apenas imaginar o fascínio e a excitação das pessoas; ouvindo esta música pela primeira vez após nunca ter tido nada parecido em suas juventudes.


    Derrick May

    Cara, eu consigo me identificar com isso! Eu posso me lembrar da primeira vez que ouvi uma gravação de Derrick May em 1987, e pensei que estava ouvindo a música do futuro! Maldição, eu estou começando a desejar ser uma dessas crianças tendo a primeira experiência com música eletrônica em um show do Skrillex. Sonny nasceu em 1988: um ano após aquela gravação de Derrick May me causar uma obsessão tão grande por música eletrônica que eu fiquei 6 meses trancado no porão tentando aprender como tocar com uma turntable Technics SL-1200! Como ele ficou tão bom tão rápido?

    As primeiras tours de Sonny foram com a banda de rock From First To Last, tendo mudado para a música eletrônica alguns anos depois. Mas essa escola precoce de tour parece ter ensinado a ele algumas coisas sobre como engajar e entreter uma multidão – multidão esta que, como ele, nasceu em uma era em que o hip hop, o Rn’B e o grunge dominavam os Estados Unidos e quando a música pop estava começando a absorver idéias daqueles dias de início do techno e do house. Madonna incorporou claps e hi hats inspirados em Derrick May, e o hip hop usou samples de Cybortron e Juan Atkins, e outras músicas de house amigáveis para a rádio. “House de New York era demais pra mim“, relembra Sonny, “conheço Robyn S da minha infância, cresci com isso.

    Que mistura de inspirações, referências, sons e idéias. Não é de se surpreender que as faixas que dominam a música eletrônica nos Estados Unidos são próximas da esquizofrenia. É assim que você obtém sucesso com música eletrônica para as massas na América do Norte, misturando as melhores partes do hip hop, rock, techno e house?

    O hip hop usou sons e loops de techno por muito tempo (Missy Elliot/Timberlake),”, aponta Seth Hodder, ex-manager da label NovaMute, “e as rainhas do pop atual Beyoncé, Lady Gaga, Rihanna e Katy Perry e artistas como Black Eyed Peas e David Guetta estão lançando pop eletrônico influenciado por house, techno, rave, trance e um belo UK synth-pop à moda antiga.


    David Guetta

    A música eletrônica agora ocupa múltiplos níveis simultaneamente, cada um demandando diferentes formas de compreensão e apreciação. Eu perguntei ao David Guetta sua opinião, um cara que levou seu som ao topo da Billboard americana, mas agora é tido como responsável por muito desse foco do mainstream na cena. “Eu acho que a popularidade da música eletrônica é maravilhosa para todos nós,“, ele me disse, “não interessa se nós tocamos ou produzimos música de outros estilos, ou mais underground. O sucesso da nossa cena faz todos nós mais fortes. Por que deveríamos temer uma coisa tão positiva? Sempre vão haver as duas cenas, e eu acho que elas precisam uma da outra para manter a música eletrônica forte.

    A ex-integrante da Minus Magda vê as coisas de uma perspectiva similar: “O atual interesse em música eletrônica tem muito a ver com o efeito multiplicador das colaborações com pop/dance comercial. Se você liga o rádio hoje em dia, mais da metade das músicas que você ouve são influenciadas pelo dance. Isso abre o mundo da música eletrônica para pessoas que talvez nunca haviam sido expostas a ele antes. E aí eles começam a garimpar mais profundamente e tornam-se capazes de descobrir outras formas de música eletrônica.


    Magda

    O nosso gosto musical continua se desenvolvendo pelo tempo conforme vamos sendo expostos a novos e inspiradores artistas. Para cada Robin S há um Aphex Twin. Para cada Skrillex há um Underground Resistance. As portas estão abertas, e só depende de nós para darmos o passo adentro e continuar a jornada de descoberta e esclarecimento musical.

    Modismos vão e voltam,“, afirma Josh Wink. “Nós já vimos isso antes, e a música eletrônica muda constantemente, o que é uma coisa ótima. Quanto mais as pessoas tomam conhecimento sobre alguma coisa nem sempre é o pior cenário.

    Na cabeça de algumas pessoas eu mudei e não sou mais o artista de techno underground que eu era no começo da minha carreira. Mas na minha perspectiva, há um desenvolvimento lento e natural das minhas idéias e aspiração. E com tantos outros artistas orientados de forma criativa e talentosa na música eletrônica, não é nenhuma surpresa que ela se torne cada vez mais popular.

    Liz Miller, que passou os últimos 15 anos envolvida com a cena eletrônica e é a diretora da Warner pós-big beat, casa de artistas como Skrillex, Chuckie e Martin Solveig, ve dessa forma: “A exposição crescente ao mainstream significará um leque maior de novos talentos. Mais idéias e diferentes pontos de vista irão ampliar as fronteiras dos estilos e artistas, o que significa, é claro, mais fãs, que significa novas gerações e desenvolvimento contínuo.

    Vinte anos atrás eu jamais me imaginaria fazendo tour como Plastikman em festivais com um ônibus com dez pessoas na equipe: técnicos de som e de luz, manager de palco, apoio de back-line e todos esses componentes que são comuns em tours de rock há anos. O desenvolvimento do “show de música eletrônica” nos tirou do conforto das casas noturnas e nos levou aos main stages de festivais mundo afora. Pode-se dizer que conforme as idéias e conceitos dos artistas se desenvolveram, a cena e popularidade da música cresceu.

    Essa é a primeira vez que vemos tantos artistas fazendo live shows incríveis,” diz Skrillex. “Não é mais apenas um cara tocando músicas gravadas.

    Agora nós temos novas formas de engajar nosso público: design de palco, show de luzes, paredes de LED e video produzem uma nova experiência. Esses foram os elementos-chave do desenvolvimento dos nossos shows Contakt e Plastikman. Em 20 anos nós passamos de DJs de club a entertainers: apenas olhe a diversidade de live shows sendo oferecidos por artistas de eletrônico hoje. Mas ainda há espaço para artistas de música eletrônica terem sucesso sem uma mega produção por trás? Pode o underground ainda se desenvolver?

    Skrillex está certo disso. “Com certeza, cara. Pense no Burial: ninguém sequer sabe como ele se parece, ele não toca em show, mas as pessoas ainda o amam. Ele não quer ser um rock star. Aphex Twin – ele não tem lançado muita coisa e nem feito muito marketing, mas ele ainda pode botar pra quebrar. Se as pessoas conseguem conectar-se com a música, isso vai falar mais alto que qualquer coisa.


    Electric Daisy Carnival

    É claro que a cena underground continua tão forte como nunca em todo o mundo. No entanto, a América continua a ser o maior desafio, e há sinais positivos agora. Insomniac, os promotores por trás do Eletric Daisy Carnival, estão colaborando com a minha equipe para trazer uma nova experiência ao público americano. Loco Dice, uma estrela moderna a emergir da cena underground, também é otimista para o futuro.

    É ótimo ver a experiência da música eletrônica de ter outro florescimento nos EUA“, diz o DJ e produtor alemão. “A música eletrônica tornou-se finalmente um tema para a imprensa convencional, os festivais são maiores do que nunca e a cena club está em boa forma. Sinto que há uma grande troca de idéias em curso na nossa cena, e em maior escala do que era no passado. Isso só pode ser uma coisa positiva.


    Loco Dice

    Eu também estou encorajado por esses comentários do promotor do influente Movement Festival, de Detroit, que se destaca na América como um farol de pensamento do passado, presente e futuro. “O público nacional está começando a aprender e compreender as raízes e os potenciais da música eletrônica mais e mais com a sua popularidade sempre crescente“, diz Jason Huvaere, “e que resultou em um aumento na freqüência e participação de artistas no Movement Festival a cada ano.

    Estamos em um cenário de “ano zero” para muitas das pessoas e em torno desta cena. Toda a história da música eletrônica está aí para ser referenciada, e consciente ou inconscientemente extraída. As possibilidades são infinitas, lembrando-me – mais uma vez – o que me animou sobre música eletrônica em primeiro lugar, e ainda desafia minhas próprias idéias de onde a música eletrônica deve e pode ir. Há motivos de sobra para ser otimista. Novos horizontes, na verdade.

     

     

    Escrito por Richie Hawtin, originalmente publicado na Mixmag. Traduzido por Mohamad Hajar.

  • Skrillex usa sample de videos virais em suas músicas

    O sampling é uma técnica bastante comum no mundo da música eletrônica desde que ela foi criada. Apesar de servir de argumento para alguns que acham que samplear serve para cobrir uma possível falta de criatividade dos produtores, inserir na música eletrônica um elemento de outra que nada tem a ver com a nova criação não é tão simples quanto parece. Basta lembrar-se dos semi-deuses da e-music que fazem isso com maestria desde os anos 90:

    The Prodigy – Out of Space aos 0:43 samplando Max Romeo – Chase The Devil aos 0:34

     

    Daft Punk – Harder Better Faster Stronger sampleando Edwin Birdsong – Colla Bott

      

    Bom, voltando agora para os anos 10, vamos falar de quem está no topo neste momento. Skrillex, dono de 3 Grammys e causador de muita crise existencial nos cagadores de regra da cena, tornou-se conhecido por misturar coisas absurdas (como dubstep e electro farofa) ao criar seu estilo próprio. Pois bem, essa receita possui mais um ingrediente bizarro: virais engraçadinhos do YouTube. Sim, isso mesmo: Skrillex tem o costume de usar trechos de videos amadores que bombam nas esquinas da internets como matéria-prima para suas produções! É mais ou menos como os blogs brasileiros fazem ao criar coisas do tipo Funk do Jeremias, com a diferença que ele é um artista com carreira séria. Confira comigo no replay:

    Scary Monsters and Nice Sprites aos 0:39 sampleando a japa ninja emocionada aos 0:08

     

    First Of The Year (Equinox) a 1:04 sampleando a gorda mau humorada aos 0:24

     

    Lembrando que foi a Scary Monsters… que ganhou o Grammy. E agora, quem é que vai cagar regras dizendo que não pode?

    Com a ajuda essencial do Who Sampled?, que conheci via J. Light.

  • Element ministra workshop sobre marketing pessoal p/ DJs – assista ao vivo!

    Nos dias atuais para ter uma carreira de sucesso no mundo musical você precisa de muito mais do que talento e criatividade: com o advento da internet, qualquer um pode criar um SoundCloud e sair divulgando sets e produções por aí, o que acaba dificultando a peneira para separar quem realmente é bom. Por isso, é essencial que o aspirante a DJ/produtor tenha um bom marketing pessoal, para que ele consiga atingir público e promoters com seu trabalho e se destaque da infinidade de conteúdo da cauda longa. 

    Um grande exemplo de sucesso nessa área é o paulista (mas curitibano de coração) Marco Lisa, que está por trás do projeto de progressivo Element. Com menos de 2 anos de carreira, ele já possui mais de 65 mil fãs no Facebook, conseguiu bater os 85 mil plays e 50 mil downloads no SoundCloud com facilidade e, o mais importante, já conseguiu tocar em eventos como Universo Paralello, Tribaltech e XXXperience.

    Por ser esse case de sucesso que a Yellow DJ Academy o convidou para ministrar um workshop sobre o assunto hoje. As inscrições esgotaram-se na segunda-feira, mas não se preocupe: você poderá assistir ao vivo aqui no Psicodelia.org! Basta abrir este post na quarta-feira às 19h e usar o player abaixo. E se você está lendo esse post após o evento, não há porque se preocupar também: no player estará disponível o replay do que aconteceu.

  • Fusion inicia o ano consolidando-se no calendário nacional de festivais

    O ano passado tem sido reconhecido por muitos como o ano da “retomada do psytrance”, que voltou às cabeças da cena depois de alguns anos ruins, e um dos grandes responsáveis por isso é a Fusion Festival.

    A cada edição que passa o evento ganha mais respeito, principalmente devido à sua preocupação de levar inovação e qualidade ao seu público. Tentando fugir ao máximo do conceito “vamos armar um sound system, chamar meia dúzia de amigos pra tocar e dizer que é festival“, a Fusion oferece diversas opções de entretenimento além da música, como feira de artigos artesanais e esotéricos, oficina de gestão ambiental, malabarismo, pirofagia, maracatu, exposições artísticas, pinturas ao vivo. Tudo isso como parte da sua proposta de ser uma fusão sócio-cultural dos povos latinos americanos, um festival de verdade.


    Sua seriedade pode ser comprovada ao ler nosso review da última edição: apesar de rasgarmos elogios, apontamos alguns pontos falhos que aconteceram, e a organização prontamente se posicionou, assumindo-os e comprometendo-se a corrigi-los para esta edição. Tal transparência infelizmente ainda é rara na cena, por isso merece destaque. Outro ponto positivo é a preocupação do núcleo com a sustentabilidade: no site oficial você poderá conhecer as diversas ações que estão sendo planejadas neste campo.

    Indo agora para o line-up, sentimos também aqui o crescimento do evento. Com nomes de grande relevância na cena, como Burn In Noise, Swarup, The First Stone e Element, a pista principal promete ser uma verdadeira celebração à psicodelia. A decoração deste palco será inédita e promete ser inovadora, mas a grande novidade mesmo fica a cargo da criação do palco alternativo: com sonoridades que irão do club ao chill-out, ele será a opção de diversidade para quem quiser dar um tempinho do psy do Main Stage. Neste ambiente, apresentarão-se projetos como Kultra, Cheap Konduktor (que já participou do Psicodelia Sessions), Deejoker, Yako, entre muitos outros.

    O festival acontece no dia 24 de março em local a ser divulgado, e os ingressos já estão à venda no segundo lote, a R$40,00. Neste link você pode ver uma lista dos pontos-de-venda autorizados. Não deixe de confirmar a presença no Facebook e de curtir sua fanpage:

     
  • Forbes indica: o Brasil é o país da música eletrônica

    Realmente estamos em tempos de sentir orgulho da nossa nacionalidade. Depois que o Rio Music Conference divulgou os dados do crescimento estrondoso da cena eletrônica nacional (e que nós noticiamos aqui), não demorou muito para um dos principais veículos de economia do globo terem acesso a esses dados. Por intermédio do seu colunista brasileiro Anderson Antunes, a Forbes publicou um texto com o singelo título de “Esqueçam a Bossa Nova: agora o Brasil é o país da música eletrônica”.

    Da relevância da Forbes não se tem dúvida. Se você sabe que já ouviu esse nome em algum lugar e não lembra onde, te digo: é ela quem divulga anualmente a lista dos homens mais ricos do mundo. Mas além dessas listas, ela também é uma importante publicação do mundo da economia, e, mesmo a comparação com a bossa nova sendo um exagero, a atenção que deram a esses dados da e-music brasileira só endossam o discurso que temos tido aqui nos últimos tempos: esse é o grande momento da nossa cena.

    O texto deles não foge do óbvio que você já cansou de ler no nosso site, mas é de extrema importância o fato de estar sendo veículado por uma revista estrangeira. Além de citar os dados estatísticos de crescimento no faturamento, público e afins, também citam o fato de termos alguns dos principais clubs do mundo (Warung, Green Valley, Disco Club e D-Edge), citam as turnês internacionais que passaram por aqui recentemente (como The Prodigy, David Guetta, Sven Väth, Fatboy Slim, entre diversos outros), e inclusive citam a cidade de Balneário Camboriú como uma “resposta brasileira a Miami”. O autor atribui essa expansão eletrônica ao fato do brasileiro gostar mesmo de festa e ao crescimento econômico do país.

    Se você souber ler em inglês, o texto original merece uma leitura. E se você não aguenta mais ouvir falar que somos o país do Michel Teló, bem… Temos uma luz no fim do túnel!

  • Dave Grohl defende música eletrônica em justificativa por discurso polêmico

    Polêmica com gente falando que música eletrônica não teria o mesmo valor que a orgânica não foi privilégio só de nós, brasileiros. A diferença é que no âmbito internacional o papo torto veio de uma boca muito mais relevante do que a de um colunista de jornal B: Dave Grohl (caso você tenha passado os últimos 20 anos congelado, a gente apresenta: ex-baterista do Nirvana, vocalista e guitarrista do Foo Fighters, já tocou em gravações de The Prodigy e já foi remixado por Deadmau5, entre muitas outras coisas que o tornam um dos poucos rostos ainda respeitados do mundo rock). Tudo começou com esse discurso de agradecimento no Grammy deste ano, após o Foo Fighters ganhar o prêmio pela melhor performance rock:

    Para quem não entende inglês, segue abaixo os minutos finais, que são os mais polêmicos: 

    “Para mim, este prêmio significa muito porque mostra que o elemento humano da música é o que é importante. Cantando em um microfone e aprender a tocar um instrumento e aprender a fazer seu ofício, que é a coisa mais importante para as pessoas a fazer… Não se trata de ser perfeito, não é sobre soar absolutamente correto, não é sobre o que se passa em um computador. É sobre o que se passa aqui [seu coração] e o que se passa aqui [a cabeça].”

    Não precisa ser gênio para sacar que foi uma crítica direcionada aos diversos “entertainers” que nao tocam, nem cantam, mas são venerados pelo público, mas também aos  falsos DJs que ganham fama internacional e dinheiro fingindo fazer performance para o público e produtores que misturam um punhado de loops mecânicos sem sentido e dizem-se músicos. Porém a grande massa se doeu além da conta, e uma onda de “raiva em caps lock” inundou as páginas do Foo Fighters em redes sociais.

     

    Porém, Grohl manteve a postura e se explicou na fanpage de sua principal banda. E ainda assinou a justificativa com um peculiar mau5 no nome, que todos nós sabemos a quem referencia. Confiram comigo no replay:

    “Ah, que noite tivemos domingo passado no 54o Annual Grammy Awards. O brilho! O Glamour! SEACREST! Onde devo começar?? Relaxando com Lil’ Wayne… conhecendo a adorável mãe de Cyndi Lauper… a amável pulseira piscante do Coldplay…. muito coisa para recapitular. Ainda está um pouco borrado na memória. Mas, se há uma coisa que eu me lembro muito claramente, foi aceitando o Grammy de Melhor Performance Rock… e, em seguida, dizer isto: 

    ‘para mim, este prêmio significa muito porque mostra que o elemento humano da música é o que é importante. Cantando em um microfone e aprender a tocar um instrumento e aprender a fazer seu ofício, que é a coisa mais importante para as pessoas a fazer… Não se trata de ser perfeito, não é sobre soar absolutamente correto, não é sobre o que se passa em um computador. É sobre o que se passa aqui [seu coração] e o que se passa aqui [a cabeça].’

    Não é o discurso de Gettysburg, mas hey….Eu sou um baterista, lembra?

    Bem, eu e minha grande boca. Nunca tinha visto um discurso retórico de premiação de 33 segundos invocar tanta caps-lock rage como essa minha ode à gravação analógica fez. OK…. talvez seja o Kanye em mim, mas….”Imma let you finish”…. só queria esclarecer uma coisa…

    Eu amo a música. Eu amo TODOS os tipos de música. Do Kyuss ao Kraftwerk, Pinetop Perkins a The Prodigy, Dead Kennedys a Deadmau5….Eu amo a música. Eletrônica ou acústica, não importa para mim. O simples ato de criar música é um dom bonito que todos os seres humanos são abençoados com. E a diversidade da personalidade do um músico para o outro é o que torna música tão emocionante e….. humana. 

    Isso é exatamente o que estava a referir. “Elemento humano”. Aquela coisa que acontece quando uma música acelera um pouco, ou um vocal vai um pouco forte. Aquela coisa que faz as pessoas soarem como pessoas. Em algum lugar ao longo da evolução as coisas tornaram-se coisas “ruins”, e com os grandes avanços na tecnologia de gravação digital ao longo dos anos eles se tornou facilmente “arranjado”. O resultado final? Em minha humilde opinião…. um monte de música que soa perfeita, mas que carece de personalidade. A única coisa que faz música tão excitante em primeiro lugar.

    E, infelizmente, alguns desses grandes avanços tiraram do foco o verdadeiro ofício da performance. Olha, eu não sou Yngwie Malmsteen. Eu não sou John Bonham. Inferno… Eu não sou mesmo Josh Groban, para esse assunto. Mas eu tento realmente duro para que eu não tenho que confiar em nada, que não minhas mãos e meu coração para reproduzir uma canção. Eu faço o melhor que posso possivelmente dentro de minhas limitações e aceitar que soa como eu. Porque é o que eu acho que é mais importante. Ele deve ser real, certo? Todo mundo quer algo real.

    Eu não sei como fazer o que Skrillex faz (embora eu adoro isso), mas eu sei que a razão que ele é tão amado: é porque ele soa como Skrillex, e isso é bad ass! Temos um processo diferente e um conjunto diferente de ferramentas, mas o “ofício” é igualmente importante, tenho certeza. Eu quero dizer…. se fosse tão fácil, qualquer um poderia fazê-lo, certo? (Viram o que eu fiz lá?)

    Então, não me dê dois Crown Royales e, em seguida, peça-me para fazer um discurso em seu casamento, porque eu talvez só fale das vantagens da gravação em fita de 2 polegadas. 

    Agora, eu acho que eu tenho que ir gritar com algumas crianças para caírem fora de meu gramado. 

    Fiquem frios.
    Davemau5″

    Se um dos nomes mais influentes do rock atual disse, quem somos nós pra desdizer? 😉

    Dica do Marcelo Wolfgang, que não é parente do Gaertner mas curte uma boa música!