Autor: Mohamad Hajar

  • Dream Valley recebe 35 mil pessoas e firma-se no calendário de festivais brasileiros

    O feriado da república foi um marco para a música eletrônica nacional: durante a semana passada, tivemos um overbooking de DJs internacionais de peso no país – e boa parte disso foi graças ao Dream Valley, festival de música eletrônica produzido pela junção da RBS, da Green Valley e da Plus Talent. Com produção de primeira, o evento foi um sucesso absoluto, e nós estivemos lá e vamos contar a vocês em detalhes como foi.

    O Dream Valley tinha um fardo pesado pra carregar: assinado pelo “Club #2 do Mundo” e nascido já pra ser grande desde a primeira edição, tudo teria que correr muito bem. Problemas com o Ibama nos dias que antecederam a festa só aumentaram a expectativa do público quanto ao resultado final, e infelizmente estas questões ambientalistas acabaram resultando em um dos poucos pontos negativos de evento: a sua realização fora do Beto Carrero World, no estacionamento do kartódromo do parque, acabou tirando toda a magia do local escolhido para hospedar o festival. Com os brinquedos longe dos palcos, pouca gente usufruiu deles e a festa acabou acontecendo como se fosse em um centro de eventos qualquer. De qualquer forma, a estrutura foi montada de forma impecável, possibilitando uma fácil circulação do público entre todos os ambientes.

    E já que estamos falando de estrutura, vale ressaltar que o palco principal foi uma das coisas mais impressionantes do festival: com mais de 1000 metros quadrados de fachada, pode-se dizer que é um dos maiores já montados no Brasil, e a decoração dele (assinada por Antonio Carlos da Costa, cenógrafo da Beija-Flor) ficou muito bonita, não devendo nada para festivais europeus. O telão também foi muito bem trabalhado pelo VJ, com projeções contextualizadas com o som que rolava, e muitas vezes bem sincronizado com ele. Ruim para o palco alternativo: analisando isoladamente, ele era digno, porém ao comparar com o principal, ele ficou pequeno e apagado. O line-up por lá era de primeira, em próximas edições ele merece um destaque maior.

     

    Descendo os palcos e indo para o dancefloor, vemos os poucos problemas que rolaram: o número de banheiros insuficiente gerou esperas de até 30 minutos, a ausência de sinal das operadoras de celular fez com que as maquinetas de cartão de crédito parassem de funcionar, formando filas imensas nos caixas, e o camarote sofria um pouco de interferência do Mystic Stage em alguns momentos. Porém, coisas pequenas e aceitáveis para um “primeiro evento” – espera-se que sejam vistos e corrigidos para outras edições.

    Por outro lado, pudemos ver um bar bem estruturado, com atendentes bem humorados e eficientes. A variedade de bebidas era a normal, com duas novidades: o Smirnoff Ice personalizado do evento e os novos Red Bull com sabores – cranberry, blueberry e lime. Os preços eram justos: R$ 5,00 na água, R$ 6,00 na cerveja, R$ 12,00 no energético. Chega a ser engraçado ver que o festival mais mainstream do país pratica preços menores que muita rave por aí.

    Seguranças bem treinados, aliados aos postos médicos bem posicionados foram essenciais para o evento fechar com um número incrível: nenhuma ocorrência foi registrada, e nenhum caso grave precisou ser atendido pelos médicos. Apesar de ser uma festa mainstream, o público se comportou muito bem, e o clima era de alegria e amizade, como em uma boa rave. O perfil de “ostentação” atribuido ao público da Green Valley foi dificilmente notado, o que contribuiu muito para o clima de celebração da festa.

    Saindo do dancefloor e indo para fora da festa, mais um ponto positivo para a estrutura: apesar do grande público, os estacionamentos estavam bem organizados, com filas menores do que as vistas em eventos de mesmo porte, como Tribaltech e XXXperience. Os ambientes de bastidores também merecem elogios: sala de imprensa com conforto, internet wifi, pontos de energia e tudo o que repórteres e fotógrafos precisam para uma boa cobertura. Destaque para o ambiente aonde foram feitas coletivas de imprensa com os DJs: ele eliminou o “caos” em que os palcos ficam, facilitou o nosso trabalho e deu privacidade aos DJs em seus camarins – esta é uma prática que deveria ser copiada por todos os eventos de música eletrônica do país.

    Voltando aos palcos, hora de falar dos artistas. Os 41 DJs e produtores do line-up estavam divididos entre os dois palcos de acordo com a sua linha de som: mainstream no Dream Stage e underground no Mystic Stage. Devido ao público da Green Valley ser muito mais ligado aos artistas pop e ao preconceito que algumas pessoas alimentam contra o superclub, o palco alternativo ficou mais vazio que o principal durante toda a festa, com cerca de 10% do público. Uma pena, já que tivemos apresentações memoráveis nele, como os sets de Magda e Dixon e os lives de Gui Boratto e Robert Babicz. Outro que se destacou por lá foi Al Doyle, do Hot Chip, que fez jus à fama do projeto e mostrou que sabe ler a pista e levar qualquer multidão ao delírio.

    Do outro lado da festa, muitas surpresas – e uma delas negativa, que você com certeza já ficou sabendo por intermédio do Facebook: o DJ set falhadíssimo do Justice. O que aconteceu foi tão impressionante que fica até difícil de explicar para quem não estava lá, muitos dizem que o público não compreendeu ou era “burro demais” para o som, mas isso não é verdade. Das bocas de pessoas que conhecem a história do Justice e viram suas apresentações no Skol Beats 2008 e Sónar SP 2012: foi um dos piores sets da vida deles. Provavelmente jamais saberemos a razão, mas o duo francês estava no DV com uma imensa má vontade, e descontou sua raiva no público. As atitudes estranhas já eram notadas antes mesmo do set começar, pois durante a coletiva de imprensa eles não esconderam o mau humor e distribuiram coices nos repórteres presentes. Na hora de tocar, um som desconexo que perdurou os 90 minutos de apresentação, mostrando que não houve qualquer leitura de pista. O público ainda se esforçou para gostar, pois apesar do set ter sido horrível como um todo, só depois de 1 hora que as primeiras vaias surgiram, graças a um momento em que eles retornaram 4 vezes na mesma virada, demonstrando que realmente estavam pouco se importando com a reação das mais de 15 mil pessoas à frente deles. É fato que o contexto no qual foram inseridos era péssimo: tocar um som conceitual depois de Zedd e antes de David Guetta não seria fácil, mas um bom DJ conseguiria fazê-lo.

    Pois bem, saindo deste momento infeliz e indo para as surpresas positivas, talvez a maior foi Steve Aoki: apesar de ter feito todas as costumeiras palhaçadas (champagne, bolo, bote), o seu som foi mais centrado e sério. Não sabemos se ele está mudando a linha ou foi a responsabilidade de tocar depois do #1 do mundo, mas o fato é que ele tocou um electro mais pesado e dançante. E falando no holandês, Armin van Buuren foi o nome da festa, e mostrou porque sempre está no topo desta lista há anos. Ele assumiu a pista depois de um Calvin Harris bipolar, que alternava entre tracks pesadas recheadas de acid e hits de rádio como Feel So Close e We Found Love, mas não se intimidou: abriu sampleando deadmau5 e usou a primeira hora inteira do seu set só no trabalho de criar a atmosfera perfeita para seu trabalho. Saiu dos 128 bpm e chegou nos 145 bpm com tanta sutileza que o público acompanhou a aceleração e nem mesmo uma chuva forte de 15 minutos conseguiu tirar as pessoas do meio da pista.

    No segundo dia, apesar de David Guetta ter lotado a pista, até mesmo o público dele já está começando a se cansar: o comentário geral foi que ele deixou a desejar, e a noite foi “salva” pelos excelentes sets de Zedd e Hardwell, que apesar de tocarem um big room bem comercial, o fazem com mais seriedade e menos cantores pop americanos. Uma observação particular de quem esteve no Creamfields BA uma semana antes: o set de Guetta foi religiosamente igual nos dois eventos. Mesmo tracklist, mesmos pontos de passada, tudo. Se é dead act ou não, deixo para vocês refletirem.

    No fim das contas, o Dream Valley foi um evento muito positivo para a cena eletrônica brasileira. Apesar dos deslizes aqui citados, no geral o festival foi muito bem executado e deve ser ainda melhor e atrair ainda mais gente na próxima edição, que já foi garantida pela organização. Confira neste link a cobertura fotográfica completa, com mais de 200 fotos.

  • Space B. Camboriú divulga parte do line-up da inauguração, que acontece dia 29/12

    E o mistério começa a acabar: o dia 29/12/12, último sábado do ano, é o dia escolhido para a inauguração da filial brasileira da Space, em Balneário Camboriú. A casa contará com duas pistas principais – uma comercial e outra mais underground, visando abranger um público maior que os outros superclubs da região.

     

    O line-up da festa inaugural começou a ser divulgado hoje. Segundo a assessoria da casa, ainda virão mais 4 “big names” para integrar o time, que já tem os seguintes DJs confirmados:

    Tiefschwarz
    Robert Dietz
    Nic Fanciulli
    Stefano Noferini
    Maycon Schramm
    Camilo Franco
    Rene Amesz
    Carlo Dall’Anese
    Dekko 

    Em breve, a casa deve divulgar o resto do line-up, informações sobre ingressos, horários, entre outras.

  • Terra estréia série Vida de DJ, que contará como é o dia-a-dia destes profissionais

    O Terra lança amanhã, 14/11, um programa inédito na internet, o Vida de DJ. Para os amantes da cena eletrônica, o reality show mostrará ao público a intimidade e o dia a dia dos DJs mais populares da noite e o que fazem quando não estão à frente das pick-ups das principais casas noturnas do Brasil.

     

    Anderson Noise, Renato Cohen, Eli Iwasa, Leiloca Pantoja, Marky, Mau Mau e Patife são alguns dos DJs que participarão do reality show. O Terra exibirá um episódio por semana, com duração de 10 a 12 minutos, às quartas-feiras a partir das 17h no canal do programa. O programa de estreia será com o DJ Marky, um dos pioneiros na música eletrônica no Brasil e considerado internacionalmente como um renovador do estilo drum ‘n bass.

    “A exibição inédita na internet deste reality show soma-se a vários conteúdos de música que o Terra vem transmitindo de forma inovadora ao público brasileiro, como o programa semanal Terra Live Music e shows de artistas internacionais, como Evanescence e Robert Plant, exibidos ao vivo em outubro. Somos cada vez mais referencia no segmento de músicas na internet”, conta Rafael Davini, diretor-geral do Terra no Brasil.

    Além dos bastidores e da rotina diária, os episódios mostrarão as curiosidades de cada personalidade, a preparação do setlist e como os DJs convidados agitam as pistas de dança. No canal especial do Terra, o público também encontrará galeria de fotos, vídeos com o making-off das gravações e a agenda de shows da semana.

    O programa tem patrocínio da Honda e a campanha terá como mensagem principal “Existe Vida Além das Pick Ups”, com intuito de ressaltar e despertar a curiosidade nas pessoas de como é a vida de um DJ quando não está a frente do seu principal ofício: discotecar por festas e eventos.

    Programação

    Marky – 14/11
    Anderson Noise – 21/11
    Zegon – 28/11
    Leiloca Pantoja – 05/12
    Renato Cohen – 12/12
    Mau Mau – 19/12
    RECESSO – 26/12
    RECESSO – 02/01
    Eli Iwasa – 09/01
    Felguk – 16/01
    Wehbba – 23/01
    Patife – 30/01

  • Confira agora os horários do line-up do Dream Valley

    Faltando 3 dias para o primeiro dia do evento, hoje o Dream Valley divulgou seu line-up com horários – ao mesmo tempo que informa uma baixa na lista: Paul van Dyk não se apresentará mais. Confira abaixo e programe-se para não perder nenhum dos seus ídolos:

    Além desta tabela, a assessoria do evento aproveitou para informar alguns números impressionantes:

    Palco 1 – Dream Stage

    ·         200 toneladas de material de ferro
    ·         7 carretas para carregar o material
    ·         1000 metros quadrados de fachada
    ·         A altura do palco equivale a um prédio
    ·         Gerador com capacidade para abastecer uma cidade de 50 mil habitantes

    Palco 2 – Mystic Stage

    ·         Estrutura Geospace igual a do Rock in Rio 1° Edição
    ·         Palco feito de alumínio Naval
    ·         Lona termoacustica na cobertura para melhoria do som

    Camarote

    ·         7 mil metros de área construída
    ·         81 carretas foram usadas usadas para transmitir o material
    ·         35 tendas

    Confira abaixo algumas imagens da montagem do evento, que mudou-se para o kartódromo do Beto Carrero (conforme já havíamos informado):

  • Review – Creamfields BA (Buenos Aires) 2012

    No último fim-de-semana, fomos à Buenos Aires para conhecer o famigerado Creamfields da cidade, o maior festival de música eletrônica da América do Sul. Porém, para o review ficar mais completo, terei que extrapolar os limites do evento e falar um pouco sobre a cultura local.

    É um senso comum entre os brasileiros que os argentinos são mais “culturalmente ativos” que nós: a valorização do tango como cultura nacional, o cinema de altíssima qualidade, a grande quantidade de teatros, museus e óperas na cidade, as leis que obrigamos TODOS os bairros a terem no mínimo uma biblioteca e uma livraria… Enfim, eles podem ter uma economia muito mais acabada que a nossa, mas até o mendigo da esquina valoriza cultura como uma das coisas mais importantes que existem.

    E isso se reflete na EDM: em BsAs, não existe uma segregação entre “música normal” e “música eletrônica”. Ao conversar com os locais, desde recepcionistas de hotel até guias turísticos, nota-se que para eles o Creamfields é um grande evento benéfico para a cidade, assim como o Rio de Janeiro trata o Rock In Rio, ou São Paulo trata o Lollapalooza. Ao entrar em lojas na cidade, todas as rádios-ambiente tocavam música eletrônica, mas não as Guettadas de 4 minutos que rolam na Jovem Pan: DJ sets mesmo, de big room, techno, prog house e outros estilos. E falando em rádio, o palco ENTER. (do Richie Hawtin) foi patrocinado pela Delta FM, uma rádio local.

    Pois bem, já que tocamos no evento, vamos a ele de uma vez. Cerca de 50 mil pessoas estiveram no Autódromo de Buenos Aires, para presitigiar algumas das 64 atrações que tocaram nos 8 palcos que foram montados. Ao entrar na festa, a primeira coisa que chama a atenção é a ausência de decoração: apesar dos palcos patrocinados (ENTER., Cocoon Heroes e Speeed Unlimited) terem tido algumas “pirinhas” envolvendo videomapping e projeções, não chegou nem aos pés das Tribaltech e Kaballah que temos por aqui. O evento todo tinha a cara e a dinâmica de um show de rock. Desde os horários, as estruturas e o próprio local aonde foi realizado, dentro da cidade, tudo lembrou um Rock In Rio ou Lollapalooza da vida. O palco principal, o maior que já vi em festival de EDM até hoje, tinha um sound system absurdo e o painel de LED com a maior definição que já vi. Era tão bom que até valeu a pena se sujeitar a ver 20 minutos de David Guetta só pra apreciar o trabalho incrível que o VJ estava executando.

     

    Guetta que, aliás, dá vergonha de ver. Um senhor de 46 anos, que tem mais de 20 anos de estrada na história da música eletrônica e muito já contribuiu para o crescimento do house, hoje toca remixes de pop americano (Akon, Rihanna e afins), enquanto faz coraçãozinho com as mãos para o público. Lastimável o que o dinheiro não faz com uma pessoa… Sei que é algo que todos já sabíamos, mas eu precisava ver com meus próprios olhos pra comprovar e criticar aqui.

     

    Falando agora de música e músicos de verdade, a festa estava repleta de artistas que são “semi-deuses” no Brasil: Richie Hawtin, Sven Vath, Dubfire, James Zabiela, entre outros. De todos eles, o melhor sem dúvidas foi o papa Sven. A impressão foi que ele fez um “compacto” do seu set de 9 horas na Kaballah: 2 horas de pura música dançante, envolvente, com mixagens perfeitas. Uma obra-prima! Os outros, cada um “pisou na bola” de alguma forma: Hawtin foi longe demais em suas misturas de vários decks. A música ficou desconexa demais, com mais cara de Plastikman do que de Hawtin. Friamente analisando, ainda é um som excelente, mas para o contexto não foi legal. As pessoas não esperavam isso, e a super-lotação do palco ENTER. quando ele tocou não ajudou também. Zabiela foi traído pelo sound system: seu set estava muito bom, mas por algum motivo os graves da Cream Arena falharam na sua vez de tocar, e o público não conseguiu curtir o som. Já Dubfire pecou pelo excesso de sutileza. Em seus long long sets no Warung funciona pois ele tem tempo pra trabalhar o público, mas as duas horas que ele tinha no Creamfields não foram suficientes para criar o clima ideal: acabou parecendo um som repetitivo demais.

     

    Falando em novos nomes, provavelmente a melhor revelação foi Matador: a nova cria da Minus tocou um set de apenas uma hora, mas foi o suficiente para mostrar seu valor. Músicas com muita personalidade e com uma aceitação muito boa da pista. É um nome para se observar e torcer para vermos no Brasil em 2013! Além deles, tivemos também boas apresentações de gente como Hernán Cattaneo, Mathias Kaden, Art Department, entre outros que já são velhos conhecidos do povo do sul do Brasil. Até o Infected Mushroom se apresentou lá com sua banda, em um palco psytrance bem divertido, com alguns artistas locais de muita qualidade.

    Artistas locais que, aliás, foram muito valorizados pelo evento: todas as pistas tinham DJs argentinos, isso sem contar no Speed Unlimited Stage, que era só de locais (algo como o Track Top Stage da Tribaltech). Na pista principal, alguns grupos fazendo lives criativos, como um que usou uma Reactable, e outro que era uma banda com instrumentos e sintetizadores. Por mais que o som não fosse de nosso agrado, foi interessante ver o reconhecimento que a organização do evento teve pela cena local, mesmo sendo uma franquia inglesa.

    Voltando à estrutura do evento, outro ponto que merece críticas é o bar e a praça de alimentação: extremamente desorganizados, e com preços “sem noção”: uma água custava 20 pesos (o equivalente a 8 reais), o mesmo preço de uma lata de energético, porém, haviam alguns “pontos de hidratação”, aonde era feita a distribuição gratuita de água. Não eram de fácil acesso e jamais supririam o volume de atendimentos do bar, mas era uma opção para quem quisesse economizar. A Quilmes estava sendo vendida a 35 pesos: módicos 14 reais por uma cerveja! Destilados sequer estavam sendo vendidos no bar comum – apenas a área VIP tinha este privilégio. Para alimentação, pouquíssimas opções: salgados, que acabaram no começo da festa, e um pão com hamburguer (só isso mesmo, nem queijo tinha) que custava o equivalente a 8 reais.

    Por outro lado, a segurança foi muito tranquila: a revista foi totalmente respeitosa, e dentro da festa os seguranças eram prestativos e bem humorados. Vale lembrar que na Argentina não é crime fumar maconha e portar pequenas quantidades, o que deixou a festa com o cheirinho característico de shows de reggae.

    E porfim, o ponto mais surpreendente e positivo: o público. Tentem lembrar a festa com o público mais empolgado e feliz que vocês foram no Brasil. Pensaram? Este com certeza era muito mais. O que pode-se ver é que na Argentina as pessoas vão para a festa com o intuito claro de se divertir, e não se importar com aparências ou preconceitos, mesmo sendo um festival com sonoridades comerciais. Todas as pessoas dançavam com vontade, com sorrisos no rosto, pulavam, gritavam e até cantavam junto quando existia vocal! Até mesmo os apitos e bexigas de gás, que no começo causam estranheza e irritam, depois de um tempo você acostuma-se a eles e passa a achar divertido também.

    No fim, a conclusão a que se chega é que sim, o Creamfields é o maior festival da América do Sul, mas ainda está longe de ter a estrutura de um europeu. A viagem valeu a pena pela quantidade de DJs de ponta que pudemos ver em um único dia, e pelo público, que fala menos e dança muito mais.

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    EXTRA! Como a festa tinha 8 palcos e nossa equipe não deu conta de visitar nem metade das apresentações, o leitor Ingo Sabage, que fez um roteiro completamente diferente do nosso, deu sua impressão sobre outros artistas. Confiram:

    “Chegando na festa, após dar aquela geral, ver o tamanho do recinto, se localizar e ver o absurdo preço das bebidas, fui para o palco principal conferir o set de Guy Gerber. Apesar de um apagão no som, o público não arredou o pé e continuou agitando durante um set que considerei a preparação para os mais agitadinhos que viriam a seguir.

    Depois entra Calvin Harris, já com um ar de megaprodução. Os primeiros minutos do set achei bem interessante. Apesar das mixagens básicas, feitas quase sempre no break das músicas, a seleção estava boa. Até ele começar a abusar dos vocais pop que todos conhecemos das rádios. Fui então conferir Cosmic Gate com a vocalista Emma Hewitt na Nation Arena, onde a popularidade do Trance na Argentina ficou óbvia. Tenda lotada. Até demais.

    Alesso é um Swedish House Mafia com menos estrelismo. Para quem gosta do estilo, é um prato cheio. Mixagens rápidas, quase sem breaks, ótima seleção de músicas e muito agito da galera. Gostei bastante. Depois, fui para o palco principal ver o mestre Paul Van Dyk. Sempre sorrindo e pulando o dj contagiou a galera. Já vi ele tocar várias vezes, mas nunca com essa empolgação. Fez até um live da clássica For An Angel. Para mim, o melhor set do festival. Nessas horas a gente entende porque ele foi escalado para ser o último do palco principal. Segurou muita gente.

    Acabei saindo meia hora antes do final para evitar o caos e conseguir pegar um táxi, inevitavelmente, por um preço abusivo.”

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  • 2013: O ano dos festivais no Brasil

    A cada ano que passa, a música eletrônica (ou EDM, como vem sendo chamada) ganha mais espaço no mundo da música em geral. Este movimento global, que está sendo acelerado com a retomada da música eletrônica nos Estados Unidos, está sendo sentido aqui no Brasil também. Velhas raves virando grandes festivais, aumento vertiginoso no número de baladas, DJs e produtores cada vez mais reconhecidos são apenas alguns dos sintomas, mas o principal deles é o grande volume de festivais que teremos aqui no ano que vem.

    Nós levantamos tudo o que já está divulgado, somamos algumas conversas de bastidores e entregamos aqui, a todos vocês, o panorama de festivais para 2013. Mas já vamos avisando: é bom ir preparando o bolso desde já!

    ID&T Brasil a todo vapor!

    A produtora holandesa assina inúmeros festivais ao redor do planeta, mas com certeza você a conhece por produzir o Tomorrowland. Ele jamais virá ao país, pois trata-se de um spin-off (uma espécie de evento-filho) genuinamente belga do Mysteryland, ou seja: sempre acontecerá na Bélgica. A boa notícia é que o Brasil receberá o seu próprio spin-off do festival: o One Rio, que inicialmente havia sido divulgado para acontecer em 2012, acabará rolando em 2013, em período do ano ainda não divulgado.

    Na mesma coletiva de imprensa, a ID&T confirmou que no ano que vem teríamos um Mysteryland Brasil (que deve acontecer no primeiro semestre) e uma edição do Dirty Dutch, a festa do DJ Chuckie. Além das novidades, será dada sequência ao único projeto da produtora que já acontece por aqui: o Skol Sensation, que virá com o tema Innerspace, tido pela crítica como o melhor de todos. Confiram o trailer:

    Outros estrangeiros fincam raízes

    Além de todos os festivais produzidos pela ID&T, outros gringos já estão começando a criar raízes no país. O Sónar SP foi um sucesso de público e crítica, e já confirmou a edição 2013 para o último final de semana de maio. O line-up ainda é um mistério, mas só de olhar para o que veio em 2012 já dá pra sonhar alto. 

    Outro que vem para o segundo ano consecutivo é o Creamfields. Depois de algumas edições falhas ao longo da década passada, o evento parece ter encontrado em Florianópolis um bom lugar para ficar. Marcado para rolar no dia 26 de janeiro, já está com ingressos à venda e deverá ter o line-up divulgado em breve, provavelmente após o Dream Valley rolar.

    Com um pouco mais de tempo no país, o Ultra Music Festival (vulgo UMF Brasil) também está confirmado para 2013, provavelmente em março. Especula-se que eles trarão o Swedish House Máfia para a despedida no país, mas tudo ainda é boato. Eles também devem estar esperando passar os festivais do feriado da república para começar a divulgar os detalhes. 

    Porfim, um “novato antigo”: Pacha Festival. Será a primeira edição do festival da cerejinha, mas não dá pra dizer que é uma estréia da marca, já que a Pacha já teve (e ainda tem) diversos franqueados no país. Ainda não foram divulgadas maiores informações, mas sabe-se que será produzido pela empresa que faz o Creamfields no país (Industria E), ou seja, deverá ser longe de janeiro, par anão concorrer com o evento de Santa Catarina.

    Festivais de Rock… ou de música eletrônica? 

    Outros dois festivais também podem chamar a atenção, apesar do seu foco ser o pop e o rock. Um deles na verdade já causou furor: o Lollapalooza. O line-up eletrônico dele é de muito respeito, com nomes como Madeon, Steve Aoki, Crystal Castles e Rusko, mas o que deixou todos boquiabertos foi o fato de um festival de rock conseguir realizar o sonho de todos os festivais de EDM desde 2008: trazer Deadmau5 para o país. O evento acontece entre os dias 27 e 29 de março, e os ingressos estão à venda já, por preços salgadíssimos diga-se de passagem.

    Além dele, outro que pode aprender esta lição é o Rock In Rio. Confirmado para setembro de 2013, o Rock In Rio provavelmente virá com um line-up eletrônico forte, exatamente como aconteceu em 2011. Resta saber se dessa vez a tenda eletrônica será tratada com respeito, e não jogada para um canto qualquer da festa, sendo ignorada pelo Multishow e por praticamente todos os veículos que cobriram o evento. 

    Os verde-e-amarelo de sangue

    Diante de toda essa concorrência fortíssima, temos 4 festas que conseguiram se reinventar e sobreviver, batendo de igual para igual com todos os que citamos anteriormente.

    Depois de virar a mesa brutalmente e trazer David Guetta e Armin van Buuren para uma festa de 2 dias, a XXXperience não poderá abaixar o nível em 2013. A edição de 17 anos provavelmente acontecerá no feriado da república novamente (e esperamos que dessa vez, nos dias em que é feriado no país todo) e deverá evoluir bastante no novo conceito que apresentaram neste ano.

    A Tribe manteve-se firme com suas raízes, e dentre os festivais de curta duração é o que detém a preferência disparada entre os fãs do psytrance. A decoração, o line-up e todas as ações deverão manter-se fiéis ao conceito que sempre a diferenciou, porém com certeza veremos um crescimento dos palcos alternativos Tribe Club, Big Room e Domo. Deve acontecer em julho, como foi em 2011 e 2012.

    A Kaballah já começou a campanha de 2013, ano em que completa 10 anos. A julgar pelas últimas edições, em especial pela edição indoor com Nero, deveremos ser brutalmente surpreendidos com o line-up. O Cocoon Stage e o Psychedelic Stage deverão ser mantidos, mas no palco principal, poderemos ter os primeiros artistas de dubstep se apresentando para o grande público pós-raver.

    E pra fechar o ano, a já confirmada edição 2013/2014 do Universo Paralello já vem causando ansiedade no público, muito graças ao UP11, que foi um dos mais bem produzidos da história. A mudança de periodicidade para bienal foi exatamente para otimizar a produção, e as melhorias deverão ser sentidas neste que é um dos principais festivais psicodélicos do planeta.

    As especulações 

    Além de tudo o que foi dito acima, temos também as especulações. A maior delas gira em torno da Tribaltech. A edição de 2012 foi a última porque, segundo os organizadores, em 2013 eles se dedicariam a um outro projeto, muito maior. A Rádio Peão fala em muitas coisas: uns dizem que será uma nova Tribaltech, em um formato festival de verdade, com vários dias, camping e tudo mais. Outros dizem que a T2 irá produzir um festival de fora no país. Há quem acredite que no dia 22 de dezembro, depois que o mundo não acabar, seja divulgada uma Tribaltech 2013. No entanto, a verdade deveremos saber só em meados do ano que vem, já que a XXXperience Curitiba está confirmada para abril e o novo evento deve acontecer só no segundo semestre.

    Outra especulação forte é sobre o SWU. Engolido pelo Rock In Rio em 2011, sequer conseguiu sair do papel em 2012, mas nada impede que volte de maneira triunfal em 2013. Para nós da EDM seria vantagem, já que seu line eletrônico é similar ao do evento carioca, porém, tratado com muito mais respeito. 

    Sendo assim, temos um resumão do que a cena eletrônica nos reserva para 2013: muita festa boa, muito DJ forte, muita produção de primeira qualidade. Nos resta agora nos preparar e torcer, para termos muito dinheiro e muita energia, pra poder aproveitar tudo isso até o fim!

  • Prefeito de Windsor dá a chave da cidade a Richie Hawtin

    E Richie Hawtin continua fazendo história. A sua tour CNTRL: Beyond EDM, que está rodando universidades os EUA e o Canadá ensinando e inspirando os jovens destes países com relação à verdadeira música eletrônica, rendeu um presente inesperado: a chave da cidade de Windsor.

    Windsor é muito mais do que “mais uma parada” da CNTRL: ela foi a moradia de Richie durante mais de uma década, no início de sua carreira. O inglês mudou-se pra lá aos 9 anos de idade, aonde viveu até 2002. Windsor e Detriot são como uma cidade só, divida ao meio pela divisa entre Estados Unidos e Canadá – foi esta proximidade do berço do techno que tornou Hawtin o monstro que é atualmente.

    Hoje, ao retornar a cidade para formar novos “hawtinzinhos” na University of Windsor, foi surpreendido pelo atual prefeito com a chave da cidade. Este é um reconhecimento que vale muito mais do que o primeiro lugar de um Top DJs qualquer. Este é o reconhecimento de um artista que vai além de fazer música: ele faz história.

  • Ibama libera a realização do Dream Valley Festival e estrutura começa a ser montada

    Conforme já era esperado, ontem o Ibama emitiu parecer favorável à realização do Dream Valley Festival, no Beto Carrero. O terceiro projeto que a organização do evento entregou reorganiza os palcos, reduzindo o ruído no zoológico do parque, o que fez com que o órgão federal aprovasse-o. Segundo este projeto, agora os palcos serão montados no estacionamento do kartódromo do parque, a 500 metros dos animais (mais do que o dobro do projeto original).

    Apesar do parecer, qualquer pessoa ou entidade que ainda seja contrária ao evento ainda pode entrar com recurso. Algumas ONGs já estão se mobilizando, mas tudo leva a crer que o evento acontecerá sem problema algum.

    Via Diarinho.

  • Psicodelia Sessions #011 – andréSAT

    E o Sessions de hoje volta às raízes do site: andréSAT, com um set do progressivo mais psicodélico do momento!

     

    O garoto paraense iniciou sua carreira há 4 anos, na região norte, mas recentemente mudou-se para Curitiba e está começando a emplacar seus sets na região sul agora. Ele foi um dos ganhadores do Concurso Cultural da Brasuca, e tocou no nosso palco na festa. A qualidade sonora apresentada lhe rendeu mais uma participação nos nossos eventos: SAT fará o warm-up para o Major7, na nossa próxima label party no Club! Nós batemos um papo com ele, desta vez sem áudio, mas que você pode ver transcrito abaixo:

    ENTREVISTA

    Mohamad: Olá andréSAT, tudo bem?
    André: Tudo bom e com vocês do Psicodelia.org?

    M: Tudo ótimo também! Você é um paraense que foi cair em Curitiba. Como isso aconteceu?
    A: Curitiba é uma cidade que sempre tive um carinho após meu primeiro contato que foi aos 17 anos quando vim passar férias, fixei na estrutura da cidade e nas possibilidades de crescimento tanto pessoal como profissional. Tudo começou quando eu já estava envolvido na cena eletrônica da minha cidade, pesquisava sempre sobre as novidades da cena eletrônica aqui, na agenda de eventos, tours de artistas e entre outros assuntos que envolviam a música eletrônica da cidade, foi quando me deparei com a ACADEMIA INTERNACIONAL DE MÚSICA ELETRÔNICA DE CURITIBA (AIMEC), e não foi difícil em colocar um objetivo de que “um dia eu estudaria discotecagem na academia”, na primeira oportunidade que tive em sair de Belém, comprei só a passagem de IDA.

    M: E como é a cena eletrônica lá na região norte? Qual a diferença pra cá?
    A: Não tem muita diferença, porem aqui a estrutura é bem melhor, tanto em decoração e sound system, mais a vibe e interação do público uns com os outros é a mesma daqui.

    M: Você foi um dos ganhadores do Concurso da Brasuca. Como foi participar ganhar e tocar na festa?
    A: Olha o primeiro passo em participar do evento pra mim foi o de menos, motivação era o que eu tinha de sobra.
    O segundo passo foi parar e pensar em um material que se adequasse no que a organização estava querendo, como notei que era uma festa que seria mais voltada ao progressivo trance e low bpm, porem com algumas atrações de full on tive que bolar uma tática que foi a seguinte: Pensar em um set de transição das vertentes do trance, realmente unir o últil ao agradável, um set de transição do progressivo para o full on.
    Além de ter sido uma responsabilidade e tanto foi prazeroso com absoluta certeza, carreguei a responsabilidade de conduzir o público para o evento deixá-los envolvidos pra as demais apresentações dos artistas que vinham na sequencia.
    Tocar na Brasuca foi a conquista de alguns dos meus objetivos.

    M: Agora você irá fazer warm up para o Major7, formado pelos caras do X-Noize. Emocionado?
    A: Emocionado e com uma grande responsabilidade, afinal eles já estão na estrada a bastante tempo ,e pelo que eu ouvi do novo release deles, está algo absurdo de excelente, vai ser incrível.

    M: O seu set agora no Sessions, como será?
    A: Hummm, é um set com 135 bpm e vai até os 137, procurei mostrar o que tem de tendência musical no progressivo, que são levadas meio techno, minimal, mais com aquele bass line groove de sempre, usar bem os vocais das tracks, um som coerente e psicodélico.

    M: Mande um último recado para o público!
    A: Gostaria de agradecer e parabenizar ao psicodelia.org por mais um reconhecimento e pelo que vem sendo passado para o público sobre as matérias e novidades no meio da E- music, agradecer a todos os meus amigos e djs de Belém: Coyote , Marcelera , Tinick , Linconl , Kelly e Maycon. Por sempre me apoiarem de alguma forma, e desde já convidar a todos a comparecerem dia 10.11 na CLUB! Com Major7, vai ser uma noite e tanto.

    SET

    TRACKLIST

    01. Time In Motion – Dirty Ink
    02. Neelix – I Didn t Mean To cry Face Lift Edit
    03. Astrix – Vicious Cycles
    04. Ace Ventura – Connected (Yotopia rmx)
    05. Nitrodrop – Power to the PPL
    06. Vertical Mode – Push it Down (Zentura rmx)
    07. Easy Riders – Rolling Stoned
    08. D Addiction & Basic – Keep The Frequency
    09. Ace Ventura & Timelock – Inside Us
    10. Liquid Ace – Psychic Experience (Sphera rmx)

  • Três pessoas morrem pisoteadas em festa na Espanha

    Esta realmente não é a melhor semana para Steve Aoki. Depois de machucar seu pescoço ao errar o pulo do stage diving no final de semana, ontem uma festa na qual ele era headliner terminou em desastre muito maior.

    A festa de Halloween Thriller Music Park, que aconteceu em Madrid, na Espanha, terminou com um saldo de 3 mortos e 2 pessoas gravemente feridas. A causa da morte foi pisoteamento em uma das saídas, a exemplo do que aconteceu no Loveparade em 2010. As investigações ainda estão acontecendo, mas relatos apontam que a casa, com capacidade máxima para 12.000 pessoas, estava abrigando 20.000 pessoas no momento do incidente.

    Steve Aoki publicou há pouco em seu Facebook que não tomou conhecimento das mortes durante o show, senão teria prontamente interrompido-o. Segundo ele, a segurança dos seus fãs é a sua prioridade, e o show de hoje (que aconteceria em Bilbao) será cancelado em respeito às vítimas de ontem.

    E depois de passar pelos EUA, a tour da irresponsabilidade chega na Europa. Se pegarmos o recente caso do Mundo Imaginário, no Brasil, temos em 1 mês 3 festas que cometeram graves erros, e contribuiram para sujar ainda mais a imagem da cena eletrônica. Até quando os organizadores irão agir dessa maneira? Até quando iremos dar aos xiitas mais e mais argumentos contra nós mesmos?

    Dica da Camila, que viu antes na Factmag.